terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Áreas com risco de deslizamentos em Vila Velha


Os movimentos gravitacionais de massa (escorregamentos ou queda de blocos)
O relevo, em seu processo evolutivo natural, possui, como uma de suas características, os escorregamentos. Eles são fluxos ou quedas de massa de solo ou rocha que por ação da gravidade se deslocam em superfícies inclinadas (vertentes).
Trata-se de um tipo de processo que ocorre comumente em regiões onde predomina clima úmido, com um relevo composto por serras, montanhas, morros e até colinas.
Esse processo se destaca como grande causador de vitimas fatais, devido, muitas vezes, à interferência humana, que frequentemente potencializa ou acelera os processos evolutivos das encostas.        
Nas grandes cidades, devido a um modelo excludente de acesso a terra, as encostas acabam se tornando local de moradia de muitas pessoas, e a falta de políticas públicas adequadas permite situações de risco. Vale lembrar que não são apenas pessoas de menor poder aquisitivo que sofrem com esses problemas. A ocupação de uma encosta que apresenta instabilidade, torna-se problema de todos.
Muitos escorregamentos que ocorrem nas cidades resultam da ação do homem. Relacionam-se com o manejo do espaço, pois, além das inclinações das vertentes e da grande quantidade de chuvas, efetivam-se cortes de estradas, desmatamentos, depósito de lixo e etc. Além disso, precárias redes de água e esgoto, plantio de bananeiras, modificação da drenagem podem promover o desastre. Essas interferências atuam diretamente nas condições processuais  das vertentes,  e muitas vezes podem  resultar na precocidade dos escorregamentos.
Tendo em vista que os escorregamentos fazem parte de um processo natural de evolução do relevo e que a interferência humana, neste espaço, pode alterar as dinâmicas naturais, acarretando a precocidade dos deslizamentos, surge a inegável questão: o que fazer?
Alguns Estados e municípios desapropriam as áreas com risco, transferindo os moradores para outros locais.  Embora tal medida seja teoricamente pertinente, nem sempre resolve o problema, pois, muitas das vezes, moradores dessas áreas se recusam a sair de suas residências. 
A mídia, por sua vez, critica os moradores que se recusam a serem transferidos. Ao dar a notícia, negligencia o processo histórico daquela comunidade, a história das pessoas, e não relaciona esses fatos ao próprio movimento de expansão urbana.  Ela acaba produzindo um discurso de uma natureza que se revolta contra um homem vilão. Deste modo, imagina-se que a natureza se resume a rios, relevos, clima, enchente, deslizamento, como se o ser humano não fosse parte disto. Passa ainda a ideia de que o pobre é o vilão, aquele que ocupa o lugar errado, aquele que suja, estraga, polui... A vítima vira vilão...
Quando a autoridade tenta tirar uma pessoa ou comunidade de seu lugar, de seu fazer cotidiano, ela abala os ritos, os costumes e a identidade dessa população, tanto do ponto de vista social quanto territorial. Quando uma pessoa deixa seu lugar, de certa forma, pode acabar perdendo seus referenciais concretos e simbólicos.
No município de Vila Velha as áreas sujeitas aos movimentos gravitacionais de massa não são extensas, devido o predomínio de planícies no município, entretanto, na porção norte do município tem-se áreas de risco conforme aponta o mapa “Áreas com risco de deslizamentos” nas encostas dos bairros de Alvorada, Chácara do Conde,  Argolas, Sagrada Família, São Torquato, Paul, Glória, Jaburuna, Centro e Praia da Costas.

Vale lembrar que em 2016 ocorreu  a queda de grande blocos de rocha no Morro da Boa Vista M  em São Torquato conforme aponta a imagem a seguir:





Bibliografia

FERREIRA, F. C, ANTONIO, L. M, GAMA, R. VIVENDO E APRENDENDO GEOGRAFIAS: estudo sobre desastres naturais em Vitória-ES. Cartilha educativa. Leageo, Vitória, 2011. 

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