Os movimentos gravitacionais de
massa (escorregamentos ou queda de blocos)
O
relevo, em seu processo evolutivo natural, possui, como uma de suas
características, os escorregamentos. Eles são fluxos ou quedas de massa de solo
ou rocha que por ação da gravidade se deslocam em superfícies inclinadas
(vertentes).
Trata-se
de um tipo de processo que ocorre comumente em regiões onde predomina clima
úmido, com um relevo composto por serras, montanhas, morros e até colinas.
Esse
processo se destaca como grande causador de vitimas fatais, devido, muitas
vezes, à interferência humana, que frequentemente potencializa ou acelera os
processos evolutivos das encostas.
Nas
grandes cidades, devido a um modelo excludente de acesso a terra, as encostas
acabam se tornando local de moradia de muitas pessoas, e a falta de políticas
públicas adequadas permite situações de risco. Vale lembrar que não são apenas
pessoas de menor poder aquisitivo que sofrem com esses problemas. A ocupação de
uma encosta que apresenta instabilidade, torna-se problema de todos.
Muitos
escorregamentos que ocorrem nas cidades resultam da ação do homem.
Relacionam-se com o manejo do espaço, pois, além das inclinações das vertentes
e da grande quantidade de chuvas, efetivam-se cortes de estradas,
desmatamentos, depósito de lixo e etc. Além disso, precárias redes de água e
esgoto, plantio de bananeiras, modificação da drenagem podem promover o
desastre. Essas interferências atuam diretamente nas condições processuais das vertentes, e muitas vezes podem resultar na precocidade dos escorregamentos.
Tendo
em vista que os escorregamentos fazem parte de um processo natural de evolução
do relevo e que a interferência humana, neste espaço, pode alterar as dinâmicas
naturais, acarretando a precocidade dos deslizamentos, surge a inegável
questão: o que fazer?
Alguns
Estados e municípios desapropriam as áreas com risco, transferindo os moradores
para outros locais. Embora tal medida
seja teoricamente pertinente, nem sempre resolve o problema, pois, muitas das
vezes, moradores dessas áreas se recusam a sair de suas residências.
A
mídia, por sua vez, critica os moradores que se recusam a serem transferidos.
Ao dar a notícia, negligencia o processo histórico daquela comunidade, a
história das pessoas, e não relaciona esses fatos ao próprio movimento de
expansão urbana. Ela acaba produzindo um
discurso de uma natureza que se revolta contra um homem vilão. Deste modo,
imagina-se que a natureza se resume a rios, relevos, clima, enchente,
deslizamento, como se o ser humano não fosse parte disto. Passa ainda a ideia
de que o pobre é o vilão, aquele que ocupa o lugar errado, aquele que suja,
estraga, polui... A vítima vira vilão...
Quando
a autoridade tenta tirar uma pessoa ou comunidade de seu lugar, de seu fazer
cotidiano, ela abala os ritos, os costumes e a identidade dessa população,
tanto do ponto de vista social quanto territorial. Quando uma pessoa deixa seu
lugar, de certa forma, pode acabar perdendo seus referenciais concretos e
simbólicos.
No município de Vila
Velha as áreas sujeitas aos movimentos gravitacionais de massa não são
extensas, devido o predomínio de planícies no município, entretanto, na porção
norte do município tem-se áreas de risco conforme aponta o mapa “Áreas com
risco de deslizamentos” nas encostas dos bairros de Alvorada, Chácara do Conde,
Argolas, Sagrada Família, São Torquato,
Paul, Glória, Jaburuna, Centro e Praia da Costas.Vale lembrar que em 2016 ocorreu a queda de grande blocos de rocha no Morro da Boa Vista M em São Torquato conforme aponta a imagem a seguir:
Para maiores informações sobre esse desastre ver: http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2016/01/pedra-gigante-rola-e-atinge-casas-do-morro-bela-vista-em-vila-velha.html
Bibliografia
FERREIRA,
F. C, ANTONIO, L. M, GAMA, R. VIVENDO E APRENDENDO GEOGRAFIAS: estudo
sobre desastres naturais em Vitória-ES. Cartilha educativa. Leageo, Vitória, 2011.